sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Nóias de fim de ano



Sempre tive manias bestas que são difíceis de desfazer. Mania de escovar os dentes quando estou ansiosa. Mania que esperar que o café da manhã me livre de todo mal do dia passado. Mania de conversar com meu Deus como Brother principalmente nas noites de insônia. Mania de fazer cara de paisagem quando o que eu estou sentindo é realmente forte e por fim o motivo que estou escrevendo aqui, a mania de colecionadora. Fui colecionadora desde a infância, já colecionei de pedrinhas à álbuns de ídolos. E agora me deparo na fase de colecionadora de fotos 3x4.
Espalhei algumas dessas fotos pelo chão e me veio a ideia de fazer uma árvore. Sim, uma árvore em alusão a um filme que já tinha visto a um tempo: A ARVORE DA VIDA. Em galhos secos fui colocando cada fotografia e pensando que algumas delas, já haviam caído da arvore por alguma razão. Algumas ainda estão nascendo, umas amadureceram e outras apodreceram. Coisas aleatórias foram passando como filme na minha mente em nome de capítulos que em todo momento se cruzavam, como num universo paralelo na condição de uma única vida. Esses foram os capítulos: ciclo da vida, minha conduta e esperança.

Aprendi, também, ainda na infância que para formação do ciclo da vida era necessário: nascer, crescer, se reproduzir e então morrer. Mas agora de uma forma mais adulta observo que algumas etapas podem ser puladas. Pode-se considerar que a vida é passageira, que o golpe pode ser tão agravado que no instante que você nasceu a morte já te espera. Ou no instante que você pensava em crescer aí então era seu nascimento. São tantos esses, novos começos que confundem com qual vida você está vivendo. Com qual "amigo" você está colando em galhos mais grossos. Em qual "amigos" você posiciona nos galhos mais finos e fáceis de quebrar. E por quantas "vidas" esse "amigo" estará vivendo no mesmo ciclo que você. Até onde essa distribuição de valores pode ser gerenciadas. Até onde vai esse poder que é almejado na vida de outros e na sua? São esses os questionamentos mais frequentes que são pesadelos na minha cabeça. E vê que ainda não os solucionei por uma questão cética que prega a o exemplo de ver para crer.

Pensei também na minha conduta, e pude ver que eu era muito diferente do que sou hoje. Passei por um processo de mudanças, pois a vida vai te empurrando para alguns caminhos e se você não escolher qual você quer seguir você será apenas um fantoche da vida dos outros. Entre o "eu real" e o "eu que os seus amigos te veem". Em definição meu "eu real" seria aquilo que eu fazia de inconsciente quase que automático, sem desejar e involuntário. E o "eu formado pelos meus amigos" seria exatamente aquilo forma que eu queria ser vista. O meu eu de antes era simples de definir como o "eu dos outros" eu estava sempre à disposição, a ajudar quem precisava, a encher o outro de alegria, pensava que mesmo que eu não fosse feliz se eu fizesse alguém um pouco mais feliz do que eu, já me tornava feliz um pouquinho. De forma explicativa, eu vivia o "eu dos meus amigos" no mesmo ciclo de vida. Algumas vezes, também, pulando etapas quando encontrava algo bom mesmo no ruim e vice-versa. Mas foram tantos ciclos quebrados de uma forma ou de outra o "eu do meus amigos" foi me deixando exausta e me fazendo morrer, mesmo que aos pouquinhos. Até chegar a um ponto de repugnar trejeitos e manias que antes eu considerava ser meu.  Então meu novo eu, que eu ainda não sei se vivo meu "eu" passou a existir de uma forma mais monocromática, preto no branco, quase se acinzentando. Mas de novo vivendo no ciclo e tentando deixar que o crescer então nasça, sem ser fantoche do "eu dos outros". Sim, eu dos outros. Pois é muita submissão do eu por parte dos que se dizem amigos para simplesmente aceitar o que existe de fato do que queremos ser.

Engraçado é que quando há uma ditadura de regras imposta por pelo "eu dos seus amigos" e até pela sociedade é mais fácil de viver, mas uma hora ou outra você acorda. E se ver sem regras e não sabe o que fazer, pois por muito tempo ter regras te fazia ser empurrados pela vida. Viver sem escolha alguma, por qualquer posição imposta pelo outro. Sem saber o porquê das coisas. E nesse momento, você de novo pensa como está sua conduta no ciclo de vida que você se encontra e lamenta. Pois a vida te ensinou que não criar esperança te protege de muita coisa e te fez esquecer que esperança também torna a vida mais leve. E na arvore da vida, a esperança são as sementes. É dela que a árvore passa a existir. É bom ter no que acreditar. Ter uma mão pra segurar mesmo que depois ela solte a sua. Pois mesmo que haja esperança é preciso saber que nascemos sozinhos e que as pessoas são sempre passageiras. E é dessa forma que eu espero que 2014 me traga esperança. Estou cansada de cruzar caminhos sem um porquê, de fazer coisas que nem eu entendo. Apenas estou cansada!