terça-feira, 28 de maio de 2013

Formato Mínimo - Skank



Começou de súbito
A festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima

Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo

Os lábios se tocaram ásperos
Em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos
E ávidos, gozaram rápido

Ele procurava álibis
Ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico
E ela descansava lívida

O medo redigiu-se ínfimo
E ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela, o súdito
Desenhou-se a história trágica

Ele, enfim, dormiu apático
Na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida
Feita do desejo, a vítima

Fugiu dali tão rápido
Caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico
Transformado em jogo cínico

Para ele, uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão, a rúbrica


segunda-feira, 20 de maio de 2013

A HORA DO CANSAÇO - Carlos Drummond



As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Entre ECOS e OCOS.

Tenho eu medo dos ocos de mim, de quando me esvazia os sentimentos, desses vazios sempre tão cheios do nada.
Do nada que sempre vem do tudo. No fundo me sinto sendo  feita pra sentir , e sentir as coisas na pele, no que queima, arde , fere, mas também cicatriza.
No que acalenta, agracia, acaricia, e também aconchega. Eu só não aguento é essa coisa de me sentir tão eufórica, ser tão sensitiva. O coração pulsando nas pontas dos dedos e os olhos os fazendo chorar.
Esvaziada de sentimentos, sem nenhum  vento  por dentro. Vazio imenso, agudo, estridente, quase um vacuo , onde não se ouve nada , e quando se ver .
Entre os ocos, prefiro os ecos, estes tão  feitos de conflitos, em que muitos doem profundamente, cheios de medo, mas eu não, não evito as perguntas de mim, mesmo que elas venham sem respostas o tempo todo. E me indago, eu quero é me sentir, me entender. Viver cheia  entre os sentimentos e entendimentos de mim, quero ter forças, quero uma razão.
Porque entre os ocos, prefiros os ecos, ao menos neles eu me sinto propagar.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Coletivo de Poeiras



Hoje não é uma segunda-feira, mas o dia começou de segunda. Fui dormir às três horas da manhã com um assunto na cabeça. Pensei no blogger e encontrei trancado. É impressionante como fica um ambiente onde é acomodado de velharias: teia de aranha, poeira, carpete sujo... e outros elementos que são bastantes prejudiciais a saúde de uma pessoa alérgica.

Acendi a luz e estranhei porque aquele lugar embora estivesse trancado parecia ter sofrido mudanças. Verdade. Sobrevivi o Abril, e teve alguns terremotos por aqui, onde algumas portas foram abertas, mas isso não significa que todas foram abertas. Um amigo falou: "tudo que é dito antes do MAS é anulado". Sendo assim, é importante ressaltar que algumas portas ainda estão fechadas. Então, o que fazer com as que estão abertas?  É preciso observar mais, será que alguma faxina resolveria ou tenho que partir para reformas? Ou seria interessante focar nas portas que ainda estão fechadas?

Essas interrogações me faz, novamente, pensar na poeira. Como ela dá um tom feio ao ambiente. Aí penso, quando aquele lugar não tem mais a nossa cara é preciso mudar. Trocar móveis, fotografias, trocar o branco pelo verde, pendurar outros sonhos e outros planos. Voltar a viver nesse lugar requer mais que coragem, requer entusiasmos e consegui isso tão fácil no mês de Abril. E ainda estou no começo de Maio, como tudo ainda não está do jeito que eu quero, vou criar condições certas para acontecer.  
Espera! Aí são cenas dos próximos capítulos. ;)