terça-feira, 7 de junho de 2011

Subúrbio da cultura.



A cultura brasileira entrou num nível de "stand by". Foi-se o tempo em que falavam se sobre política e o ser humano em suas artes. Não ouvimos falar sobre nosso sangue latino, não se pergunta o que anda nas cabeças, ouvimos o que está falando nossas bocas. Não há interesse em saber o que somos e como vivemos.

A cultura desprendeu de nossas massas e hoje está claramente ligada a satisfação, ao ego, a prepotência da aparência, aos modelos e encaixes que dita à mídia.

Em alguns sites de comédia mostram hits que estão no auge entre adolescentes, como: "... Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não...", "Sou FODA na cama eu esculacho...". Citando, também, músicas mais famosas não possuem fundamento cultural e sim as mulheres brasileiras que estão fazendo sucesso é porque estão nuas ou até mesmo sentimentalistas de baixa qualidade.
Não estou desfazendo de grandes artistas, ainda nos restam, graças a Deus, estou salientando que grandes ícones da nossa tradição perdeu o destaque.
E existem novas faces revelando a pura cultura brasileira, conheci recentemente dois caras fantásticos: Khalil e Riccelly Guimarães. Há vários nomes a serem citados, mas são irreconhecíveis. Algumas músicas até chegam a tocar em rádios, porém perdem lugar para hits do momento - Você, você, você , você, quer!. E atores fantásticos trabalhando em teatros, perdem espaço para mega produções de cinema.

Há uma diferença entre esses cantores, atores, escritores: uns são artistas, outros não. É inclassificável o dom de transformar críticas pesadas à ditadura em música dançante. Mas isso não significa que hoje não existem pessoas fazendo arte de alto nível. Eles apenas não são reconhecidos, não recebem o valor que merecem.

A arte brasileira não foi esquecida, não acabou. Apenas foi engolida pela cultura pop. Não importa se a história de uma prostituta que banha quase todas as prateleiras de uma livraria. Irei no cantinho, ao fundo, procurar Clarice Lispector, Drummond, Mário Quintana entre outros .

Acredito que há ouro no meio do nosso lixo do século XXI. Há vozes maravilhosas, performances deslumbrantes esperando serem valorizadas. Ainda há artistas sim!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.